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ACERCA / À PROPOS

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Different ways of seeing and feeling the space.
“Distintos modos de ver e sentir o espaço.”
“Différentes manières de voir et ressentir l’espace.”

October / Outubro / Octobre
25 – until / a / à – 29

Esta Oficina de Desenho fomenta o encontro do pensamento gráfico com o arquitectónico e os distintos modos de ver, sentir e pensar o espaço a partir do desenho à mão livre numa articulação da medida com os diferentes sistemas de representação.
O objectivo desta oficina é propor aos estudantes exercícios de desenho à mão livre que permitam desenvolver processos, metodologias, aptidões, para a leitura e compreensão do espaço, assim como, apreender a consequente importância do registo gráfico para a organização, planificação e comunicação do que se vê, imagina e do que se propõe dar a ver.
No desenho provoca-se a associação das imagens do real e da imaginação através da repetição de ações essenciais à observação e ao reconhecimento do espaço, com as quais se estabelece, em simultâneo, a necessária articulação dos sistemas de representação – com o imperativo da medida e sua articulação com o movimento do corpo; a medida sensível, corpórea, e a luz –, e, ainda, a articulação com os processos técnicos, operativos – a medialidade, os meios –  na produção de novas imagens, cujos elementos gráficos e plásticos se vêem reformulados pela ação continuada do desenho.
Esta oficina de Desenho foi programada segundo as matérias desenvolvidas em Desenho 2 da FAUP.
Trata-se de uma colaboração de professores de Desenho e de Projecto, estando sob orientação de José Manuel Barbosa (FAUP) e Kiran Katara (ARCHI-ULB), contando com a colaboração de Nuno Sousa (FAUP) e com a participação de estudantes das duas faculdades.
A oficina surge a partir de uma proposta lançada por Gregorio Carboni Maestri.

Um grupo de docentes da ARCHI-ULB propôs aos estudantes, do 3º ao 5º ano, como temática de trabalho a viagem de arquitetura onde cada ano é dedicado a uma cidade.
O Porto surge como a primeira cidade selecionada e o local de intervenção proposto aos estudantes é a Escola do Sol (escolas primárias da Sé), na zona das Fontainhas, motivo pelo qual iniciamos o programa desta oficina de desenho neste sítio.


some questions / algumas perguntas / quelques questions

What happens in front of space?
O que acontece diante do espaço?
Que se passe-t-il devant l’espace?

How to record and organize the immense information that is presented?
Como registar e organizar a imensa informação que se apresenta?
Comment enregistrer et organiser l’immense information qui est présentée?

How to reconcile intuition with rationalization?
Como conciliar a intuição com a racionalização?
Comment concilier intuition et rationalisation?

What kind of sensations do I experience?
Que tipo de sensações vivencio?
Quel genre de sensations est-ce que je ressents?

How to register sensations?
Como registar sensações?
Comment enregistrer les sensations?

What is measuring with one’s own body?
O que é medir com o próprio corpo?
Qu’est-ce que mesurer avec son propre corps?

keywords / palavras chave / mots-clés
Measure / Perspective / Sense of sight / Visual field / Horizon line / Representation Systems / Memory
Medida / Perspectiva / Sentido do Olhar/ Campo Visual / L. H. / Sist.s de Representação / Memória
Mesure / Perspective / Sens du regard / Champ visuel / Ligne d’horizon / Systèmes de représentation / Mémoire

organisation / organização / organisation
Gregorio Carboni Maestri / José Manuel Barbosa
Kiran Katara / Pedro Miguel Monteiro De Sousa / Pierre Emans Fabro


drawing from / desenho de / dessin de
Carina Sousa 2020-2021

alguns apontamentos

A experiência do contacto com o espaço vivido é sempre complexa pela imensa informação que se nos apresenta, deste modo, necessitamos aprender a organizar e a seleccionar o que percepcionamos recorrendo à noção de medida suportada por uma estrutura* auxiliar à construção das imagens do desenho.

A Medida das coisas e do mundo não se processa apenas pelos instrumentos de medição em absoluto, como “coisa” métrica através de uma relação de altura, largura e profundidade, mas também, e essencialmente, através do corpo na sua correspondência com o mundo.

Trata-se da medida sensível inscrita no próprio corpo. A cada milissegundo o corpo recebe informação do mundo que nos circunda, registando e memorizando toda e qualquer informação que recebe: a pele que mede na sua relação háptica, os ouvidos que medem o som, o palato e o olfacto que sentem os sabores e os cheiros do próprio espaço, os olhos que medem as relações de proporção, de grandeza, da luz, consequentemente, os olhos que medem o tempo. O nosso corpo vive o espaço psicofisiológico nas mais distintas e variáveis sensações.

Podemos, então, dizer que sentimos o peso do espaço, o peso da luz, etc., noções que se associam à relação da medida. Medir o peso do mundo.

A conhecida frase de Michelangelo, «é preciso ter o compasso nos olhos»[1] permite compreender a relação entre a experiência sensível do corpo e a razão abstrata dos instrumentos de medida. Os olhos, que sentem, devem necessariamente medir, para deste modo fazerem da medida e dos seus instrumentos meios sensíveis.

É através do desenho que na presença do espaço real se propõe transpor e interpretar para a representação gráfica a experiência real do corpo na sua relação directa com o mundo. Na relação háptica, medir com o corpo significa uma coisa muito simples, medimos com passos, palmos, braçadas, etc.

A Medida é, sem dúvida, a primordial articulação entre o corpo e o mundo na sua associação psicofisiológica com noções fundamentais como o campo visual, a linha do horizonte, a perspectiva e outros sistemas de representação.

É neste sentido que a interacção da percepção, da memória e da imaginação, se efectua quando Juhani Pallasmaa, Alberto Carneiro ou Kenneth Frampton[2], se referem de modo idêntico à apropriação háptica do espaço, ao facto de que o corpo, através da mão e da visão, traduz em tensões espaciais os elementos plásticos, ao mesmo tempo que estes se propõem como modos de visibilidade e “diálogo” permanente com o pensamento e a imaginação.

* A estrutura é composta por linhas verticais e horizontais auxiliares à constução do desenho.


[1] SILVA, Vítor Manuel Oliveira, in Sebenta (2), Desenho II (2012-2013), FAUP, Porto, 2014, p.5.

[2] PALLASMAA, Juhani — La mano que piensa – sabiduría existencial y corporal en la arquitectura. Barcelona: Ed. GG, 2012.
    CARNEIRO, Alberto — Campo sujeito e representação no ensino e na prática do desenho/ projecto. Porto: FAUP publicações, 1995
    FRAMPTON, Kenneth — Introdução ao estudo da cultura tectónica. Lisboa: Assoc. dos Arquitetos Portugueses, 1998

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FAUP – https://sigarra.up.pt/faup/pt/web_page.Inicial
ARCHI – ULB – https://archi.ulb.be/
Desenho 2 – https://desenho2faup.blogspot.com

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